Há coisas na vida que não são impossíveis, mas são
improváveis, como por exemplo ganhar sozinho o prêmio acumulado da loteria ou
morrer atingido por um raio. Nesses exemplos, podemos ver que existem conceitos
como probabilidade, chance, acaso entre outros.
Qual a probabilidade de se ganhar uma aposta jogando uma
moeda (cara ou coroa)? É de 50% ou matematicamente 1 vitória em cada 2 jogos.
Mais difícil é ganhar na roleta, que é um dos jogos mais
antigos. Na roleta americana apostando-se em um número, a chance é de 2,63%, ou
seja, 1 em 38 jogadas (Na roleta americana há 36 números mais o zero e o duplo
zero)
Podemos dizer que ganhar na Loteca (1 em 2.391.485) ou na
mega-sena (1 em 50.063.860) é possível, mas é improvável.
Como há quem ganhe nesses jogos de loteria, logo, a pergunta
é por que coisas improváveis acontecem?
Uma resposta é que se trata de acaso. Acaso seria um
fenômeno ou evento que acontece sem uma causa, ou seja, não relacionado com
fenômenos ou eventos anteriores, nem regidos por algum tipo de lei.
Há quem duvide que o acaso exista, pois se diz que “nada
acontece por acaso”.
Sorte ou azar?
Sorte é o acaso favorável, enquanto que azar é o acaso
desfavorável. Azar seria o lado negativo da sorte.
Todos desejam sorte e fogem do azar. Porém, o acaso é o
mesmo. Então por que às vezes temos sorte e às vezes azar?
Tudo depende do seu ponto de vista. Se você acredita em
sorte ou azar, isso significa uma negação do acaso. O acaso, então, pode ser
negado por influência de fenômenos inexplicáveis.
Por exemplo, para fazer um jogo de loteria é necessária uma
escolha dos números. A escolha é resultado de uma decisão, e tal decisão pode
estar sendo dirigida por uma força profética, por exemplo uma intuição, um sonho,
uma premonição, ou pela crença de que “nada acontece por acaso.
Intuição
É um substantivo difícil de se definir. Há muitas definições
e exemplos na internet. Mas podemos colocar, no âmbito desse artigo, que
intuição é uma capacidade interna que permite fazer boas escolhas voltadas a um
futuro desejado.
Todas as vezes que escolhemos estamos apostando que o
escolhido vai trazer bons resultados, melhor que as opções ou alternativas que
foram descartadas. Logo, decidimos e apostamos baseado nas nossas próprias
crenças.
Escolhemos e apostamos todos os dias, já que qualquer coisa
voltada ao futuro é uma probabilidade na medida em que o futuro não existe. O
que existe, no lugar do futuro, são imaginações, planos, desejos, sonhos,
previsões presentes de coisas futuras.
Por exemplo, quando se compra, em janeiro, um pacote de
viagem ao exterior para 20 dias de férias em julho, estamos apostando que
estaremos vivos e com boa saúde na época, que a viagem será excelente, que não
haverá contratempos, que o dinheiro será suficiente, não haverá surpresas como
doença, perda de malas, que retornaremos felizes e alegres e que tudo deu
certo.
Essa expectativa é muito provável, mas não é certeza.
Certeza só será possível depois que entrar em casa na volta. Aí a viagem acabou
e não há mais riscos.
Dá para perceber que risco é o nome que se dá para um erro,
mesmo que parcial, nas apostas. Também é possível observar que por mais que
tomemos boas decisões, nem tudo está sob controle.
Há quem diga que o planejamento e a intuição servem para
minimizar os riscos. E como ficam a
sorte e o azar? Por mais que planejemos, tomamos precauções, evitamos
situações de riscos conhecidos, o acaso
existe, ou não? Fenômenos ou eventos improváveis podem acontecer, pois são
improváveis, mas não impossíveis.
Considerando que aquilo que não é medido não pode ser
controlado, uma questão interessante pode ser colocada: é possível medir a intuição? Talvez.
A matemática tem algumas ferramentas como estatística e
análise combinatória.
A estatística usa teorias probabilísticas para explicar a
frequência da ocorrência de eventos, no intuito de entender o acaso e a
incerteza, para prever fenômenos futuros. O que é isso?
Isso significa que é possível montar um modelo matemático
ideal para observar fenômenos imprevisíveis.
Para entender vamos pensar na mega-sena. Você escolhe,
usando a sua intuição, 6 números dentro de universo de 60 números que constam
do volante. Se você jogar 6 números, a chance de ganhar é 1 em 50.063.860.
Isso significa que 6 números combinados entre si, de um
universo de 60 números, resultam em 50.063.860 combinações diferentes. É a
analise combinatória que faz esse cálculo. Esse resultado é abstrato ou ideal,
já que é um cálculo matemático.
Na prática o que
significa?
Vamos fazer um experimento, você escolhe 6 números e outras
pessoas também escolhem outros 6 números de modo que cada combinação de 6 seja de
somente uma pessoa, isto é, sem duplicatas. Como há 50.063.860 combinações
vamos ter a mesma quantidade de pessoas de posse de uma combinação de 6
números.
Após a escolha dos números por todas as 50.063.860 pessoas
podemos iniciar o experimento. No experimento você escolheu os seguintes
números: 1,2,3,4,5 e 6. Não gostou, né? Acontece que quaisquer 6 números tem a
mesma probabilidade de serem sorteados, pois a cada sorteio as condições
iniciais voltam ao zero e os eventos são independentes.
Porém na prática as coisas são diferentes do ponto de vista
individual. Imagine que haverá um sorteio por dia. Isso significa que dentro de
137.087 anos e 3 meses (isso mesmo 137 mil anos) o seu número pode sair. A
questão é se os seus 6 números irão sair no primeiro dia ou no último dia.
Se os seus 6 números foram sorteados no primeiro dia, que
sorte!. E no último dia, que azar!
Esse experimento seria, na prática, muito demorado e difícil
de realizar. Então vamos propor um outro que seja mais rápido e fácil de fazer.
Aposte no “cara e
coroa”.
Como é o jogo?
Pegue uma moeda e escolha cara ou coroa. Jogue uma moeda de
1 real para cima, fazendo-a girar e veja qual a face que ficou para cima após a
queda. Uma delas é a cara e a outra é a coroa (o valor da moeda). Acertou ou
errou? Anote o resultado em um papel. Faça isso 10 vezes seguidas. A cada
jogada da moeda sua chance de acerto é a mesma, pois as condições iniciais são
iguais. Um resultado não se relaciona com o seguinte.
A probabilidade de você acertar uma vez é de 50%, ou seja, 1
em 2 jogadas.
Idealmente, considerando a probabilidade, você deveria
acertar uma em cada duas jogadas, porém na prática isso não acontece. Você
acerta e erra, de modo que terminando as 10 jogadas você pode ter conseguido
acertar na média, ou seja, 5 resultados. Mas também pode ter acertado 1 só vez,
ou 2, 3, 4, 6. 7, 8, 9 ou 10, como ter errado todas.
Se em uma sequência
de 10 você acertar as 10 é sorte? E se errou todas, é azar? Como é que você
explica a sua intuição em face ao resultado obtido?
A matemática explica que há uma distribuição de resultados
em cada sequência de 10 jogadas. Como só há duas possibilidades o cálculo é
simples, conforme a tabela:
Ordem
|
Número de caras
|
Número de coroas
|
Probabilidade
|
Probabilidade em %
|
1
|
0
|
10
|
1 em 1024
|
0,1
|
2
|
1
|
9
|
10 em 1024
|
1,0
|
3
|
2
|
8
|
45 em 1024
|
4,4
|
4
|
3
|
7
|
120 em 1024
|
11,7
|
5
|
4
|
6
|
210 em 1024
|
20,5
|
6
|
5
|
5
|
252 em 1024
|
24,6
|
7
|
6
|
4
|
210 em 1024
|
20,5
|
8
|
7
|
3
|
120 em 1024
|
11,7
|
9
|
8
|
2
|
45 em 1024
|
4,4
|
10
|
9
|
1
|
10 em 1024
|
1,0
|
11
|
10
|
0
|
1 em 1024
|
0,1
|
A tabela mostra que, idealmente, se você apostar 1.024 vezes
na sequência de 10 “cara ou coroa”, você pode acertar uma vez todas as 10 (que sorte) ou errar uma vez todas as 10
(que azar).
Como na prática não vai acontecer o ideal, só você fazendo o
experimento para medir como vai a sua intuição.
Como o objetivo é acertar todas as 10 apostas da sequência,
e você se concentra e usa a sua intuição para acertar, é possível o seguinte resultado
após as 10 apostas:
Acertos: zero, 1 ou 2. Improvável, o que está acontecendo? É
possível explicar esse resultado ou foi acaso ou azar.
Acertos: 3. Pouco provável. Pense em como você tomou as
decisões.
Acertos: 4, 5 ou 6. Muito provável. 5 é a média.
Acertos: 7. Uau! Pouco provável. Como explica esse acerto?
Sorte ou acaso? Ou intuição?
Acertos 8, 9 ou 10. Improvável. O que significa isso para
você. Sorte? Intuição? Dá para repetir ou foi um acaso?
A intuição leva a pessoa a acreditar que algo pode
acontecer, então, antes de jogar a moeda, como está a sua intuição? É possível
identificar uma relação entre esse sentimento de intuição e o resultado obtido
no teste.
Essa resposta é pessoal e intransferível. Pois não da para
explicar como é sentir uma intuição.
Eu estou fazendo um programa de computador para jogar o
“cara e coroa” de uma maneira mais rápida, de forma que se possa testar a
intuição em vários momentos e ver se é possível fazer algum tipo de correlação
entre estados mentais e acertos nas apostas.
Quando o programa estiver pronto vou disponibilizá-lo na
internet. Por enquanto vai jogando com a moeda.
É interessante ter conhecimento do processo pessoal de
tomada de decisão, pois em tudo na vida decidimos sempre baseados nas nossas próprias
crenças.
Os resultados obtidos nas apostas é fruto do acaso ou a
intuição funciona?
É possível ter controle sobre a intuição?
O que é sorte ou azar?
Nada acontece por acaso, ou é uma grande mentira?
São perguntas cuja respostas depende de cada pessoa e das
suas crenças. Se tiver as respostas me conte.